Primeiro (bom) álbum de 2015?
Por aqui, as novidades musicais do ano arrancam com o disco de estreia homónimo dos VIET CONG, em parte nascidos das cinzas dos Women (Matt Flegel, o vocalista, e Mike Wallace, o baterista, eram metade do quarteto) e também da cidade destes, Calgary. Os sete novos temas são a evolução natural do EP "Cassette", de 2013, e mantêm-se ancorados num pós-punk sujo e quase sempre denso, mas aberto a desvios, mais interessado em baralhar do que decalcar influências (e a aceitar contaminações góticas, math rock, drone ou de alguma cold wave).
Embora curto, o alinhamento é vasto o suficiente para acolher a marcha electrificada de "Newspaper Spoons", na abertura, ou a marcha enganadora de "March of Progress", com uma primeira metade instrumental, electrónica circular entre os Mogwai ou uns Fuck Buttons aligeirados, e uma segunda onde parecem caber duas canções num crescendo de nervo e agressividade. Já "Silhouettes" aponta para uns Interpol dos primeiros dias, mas mais cavernosos, e a trip de onze minutos de "Death", a fechar, deixa a impressão de estar aqui uma banda coesa e confiante, tanto na composição como no design sonoro, e com o entusiasmo das boas estreias.
"CONTINENTAL SHELF" é o primeiro single e percebe-se porquê: curto e directo, destaca-se como o momento mais linear e imediato. Mas não só condensa a ansiedade que percorre o disco como tem sabor a pequeno clássico nascido, morto e enterrado nos anos 80 e recém-ressuscitado. Não por acaso, o videoclip, inspirado por clássicos do cinema de terror, tenta assemelhar-se a um filme inacabado e julgado perdido, explica o realizador, Yoonha Park. Nesse aspecto, missão cumprida: