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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Quando a melancolia ganha balanço disco (mesmo que seja disco triste)

Jonathan Bree.jpg

Quase um ano depois de ter começado a deixar as primeiras pistas do seu quinto álbum, JONATHAN BREE regressa finalmente aos discos. "PRE-CODE HOLLYWOOD" será lançado digitalmente esta sexta-feira, 14 de Abril (terá edição em vinil a 12 de Maio), e do alinhamento já se conhecem vários singles, todos a honrar um percurso a solo que se tem mantido interessante desde "The Primrose Path" (2013), registo no qual o neo-zelandês se afirmou depois de um longo caminho feito ao lado dos Brunettes.

"YOU ARE THE MAN" inaugurou a nova fase criativa do cantautor após "After the Curtains Close" (2020) e insinuou logo uma tendência que os avanços posteriores acentuaram: o reforço da carga electrónica, em detrimento das cordas que também eram presença assídua nesta música melancólica, aveludada e cinematográfica.

"DESTINY", colaboração com a cúmplice habitual Princess Chelsea (que editou o estimável "Everything Is Going to Be Alright" no ano passado), assinalou mais um belo encontro em modo duo ele & ela, aqui mais synth-pop do que nunca.

Pre-Code Hollywood .jpg

Mas a maior mudança até agora chegou com a (brilhante) faixa-título, que conta com co-produção e com a guitarra reconhecível de Nile Rodgers. O mentor dos Chic, cujo toque de Midas também marcou a fase final dos Daft Punk, trouxe um balanço disco contido mas notório (ou como descreve a editora Lil' Chief Records, "disco triste") que sobressai ainda em "MISS YOU", outro single a beneficiar dos seus préstimos - e ao qual se junta, mais uma vez, a voz de Princess Chelsea.  

Apesar do ritmo festivo q.b. desse encontro, "PRE-CODE HOLLYWOOD" perfila-se como um álbum tão ou mais assombrado do que os antecessores. Desde o título, alusão ao Código Hays, que estancou a liberdade criativa de Hollywood entre as décadas de 30 e 60 do século passado, à ponte que o crooner mascarado faz entre esse gesto censório (ou um romance clássico de George Orwell) e o espírito do tempo actual na canção que dá nome ao disco ("There's no freedom left in spеaking your mind / If you want a career to get by / Tricky business being a troubadour / Now we're living through 1984", entoa com cepticismo).

Talvez por isso a festa possível decorra no mundo imaginário da "Radio Vision", uma versão alternativa, retro e nostálgica do programa "Top Of The Pops" que tem sido o cenário dos videoclips. Essas imagens dão uma boa ideia do que se pode encontrar num concerto de JONATHAN BREE numa altura em que a digressão europeia está prestes a arrancar, para já sem datas em Portugal, onde o neo-zelandês já actuou há uns anos. O álbum, esse, está quase ao alcance de todos e sugere um dos regressos do ano a celebrar, sem impedimentos nem censuras à vista.