Queen Kong
Depois de ter editado um dos melhores álbuns desta década, "Blank Project" (2014), NENEH CHERRY não apresentou novidades nos últimos anos além de "He She Me", a também já algo distante colaboração com Dev Hynes (Blood Orange), em 2015.
"KONG" é, por isso, uma boa notícia logo à partida, que se torna ainda melhor ao resultar de uma colaboração com Four Tet e Robert “3D” Del Naja. Esta não é a primeira vez que a música da sueca se cruza com a dos britânicos: Kieran Hebden produziu o seu último disco, o elemento dos Massive Attack ajudou a criar uma das canções mais emblemáticas do primeiro: "Manchild", em 1989, ainda antes da alvorada do trip-hop.
Do novo encontro nasceu agora uma canção que também deve alguma coisa ao som de Bristol mas que segue ainda mais as pistas lançadas por "Blank Project", com a diferença de a sua autora ter agora um foco mais universal do que pessoal nas palavras que canta. Se as texturas traduzem uma produção electrónica contemporânea, ancoradas numa percussão ondulante, a letra também surge com marcas óbvias deste tempo ao estar ao serviço de uma canção de protesto motivada pela crise dos refugiados.
"Every nation seeks it’s / friends in France & Italy / and all across the 7 seas / and goddam guns and guts and bitter love still put a hole in me", dispara Cherry entre um compasso rítmico lânguido e envolvente, num regresso que vai convidando a audições repetidas.
Felizmente, o regresso não se esgota aqui. Foram também anunciados quatro concertos para os próximos meses, o que é de assinalar já que têm sido uma raridade. "KONG" e as canções que estão para trás poderão ser ouvidas ao vivo em Berlim (já a 16 de Agosto), Estocolmo (6 de Setembro), Londres (12 de Setembro) e Paris (26 de Setembro). Até lá, podemos ir vendo Cherry no novo videoclip, realizado por Jenn Nkiru: