Queer pop
Com formação clássica e um interesse comparável ou até maior pela pop, JACK COLWELL elege como heróis pessoais nomes como Rufus Wainwright ou Elton John: em parte pela música, em parte por ter aprendido a lidar com a sua homossexualidade através dos relatos deles. "Gay é a última coisa que queres ser quando és adolescente", confessou o australiano à revista i-D.
Ultrapassados esses tempos, o cantautor e multi-instrumentista de 25 anos tem vindo a acrescentar à lista de favoritos cada vez mais vozes femininas - Kate Bush, PJ Harvey, Tori Amos, Björk -, não necessariamente enquanto influências da sua música, mas pelo menos como exemplos de integridade artística. Talvez não por acaso, as canções que tem composto e interpretado, a solo ou com os The Owls, aproximam-se dos amores desencantados e rispidez emocional habituais na obra dessas referências, até porque o seu percurso amoroso - e não só - tem sido atribulado q.b..
"A minha única via foi fechar-me até ser tão doloroso que tive de quebrar. A única forma de o fazer foi atirar-me ao fogo, queimar-me e tentar ver se conseguia sair do outro lado", contou também em entrevista.
Pode dizer-se que, por agora, o desafio foi superado, tanto que Colwell já se sente suficientemente à vontade para gravar o novo videoclip numa sauna gay de Sidney. Ainda assim, com contenção, uma vez que o elemento mais intenso da experiência é mesmo a voz gutural e os arranjos imponentes de "DON'T CRY THOSE TEARS". O novo single está longe da folk discreta dos primeiros dias e prefere abraçar uma indie pop sumptuosa, com laivos dos anos 50, angústia blues e coros soul de coração (e peito) cheio.
A canção é também o avanço mais recente do EP "Only When Flooded Could I Let Go", cujo título se adivinha autobiográfico. A julgar pela amostra, parece ficar bem ao lado de temas de Oscar ou Gabriel Bruce: