Regresso em tom de azul (com trip-hop e industrial a acompanhar)
Os últimos anos de CHELSEA WOLFE têm sido feitos de colaborações. Entre o disco de estreia do projecto paralelo Mr. Piss, ao lado do baterista Jess Gowrie ("Self-Surgery ", 2020), um álbum com os Converge ("Bloodmoon: I", 2021) e a participação na banda sonora de "X" (2022), filme de terror de Ti West (para a qual cantou uma versão de Arthur Fields e conviveu com os sintetizadores de Tyler Bates), a norte-americana foi alargando a distância face ao seu último registo a solo - "Birth of Violence", de 2019.
Mas 2024 traz finalmente novidades nesse departamento, e já esta semana: "SHE REACHES OUT TO SHE REACHES OUT TO SHE" vê a luz do dia (e o negro da noite, mais apropriado a esta música) na próxima sexta-feira, 9 de Fevereiro, e resulta de uma experiência de catarse, do corte de laços e de um processo de renascimento. O sétimo álbum de uma discografia iniciada há quase 15 anos (com "The Grime and the Glow", de 2010) também é apresentado como fruto de um gesto libertador e empoderador, que talvez tenha reflexo no facto de ser o primeiro da sua autora editado pela Loma Vista Recordings.
O novo caminho, no entanto, não prescinde de algumas companhias: Dave Sitek, dos TV on the Radio, encarregou-se da produção de canções para as quais contribuíram Ben Chisholm, Bryan Tulao e Jess Gowrie, músicos que não são nomes estranhos a este percurso. O formato de banda é especialmente notório nos acessos mais robustos dos primeiros singles, viagens entre a carga hipnótica do trip-hop e explosões de guitarras mais próximas do rock industrial do que do doom metal de outros tempos.
"EVERYTHING TURNS BLUE", o avanço mais recente, deixa um belo exemplo dessa fusão que tanto traz lembranças dos Nine Inch Nails como de uns Massive Attack na viragem do milénio. E os três temas anteriores reforçam a ideia de que pelo menos meio disco já está ganho - boas notícias para quem tinha saudades de uma voz que já fez a ponte entre a folk e o gótico e tem mais territórios em vista.