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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Cinema, TV e música: agora, sim, os melhores de 2023

2023.jpg

O primeiro post de 2024 é dedicado ao melhor de 2023, agora que o ano já acabou (afinal, Dezembro também merece entrar nestas contas) e que já houve mais tempo para digerir e revisitar o cinema, séries e música (em disco e nos palcos).

Balanço francamente positivo em todas as frentes, com destaque para vários óptimos filmes que ainda continuam a ter lugar nas salas (mesmo que por poucas semanas e alguns ofuscados por fenómenos como "Barbenheimer") e para a produção televisiva que não parou de dar argumentos para também ir ficando por casa (embora a multiplicidade de plataformas de streaming, aparentemente sem fim à vista, não facilite poder estar a par de tudo).

Na música, e como tem acontecido nos últimos anos, 2024 parece ter sido mais forte em canções do que em álbuns, por muito que à dezena de discos abaixo se pudessem acrescentar outros tantos a ouvir com atenção (os de Billy Nomates, Róisín Murphy, Nicole Dollanganger, Debby Friday, Sweeping Promises, Jake Shears, Current Affairs, Miss Grit ou Depeche Mode). E nos concertos, ficou a vontade de ver menos repetições em festivais quando parecem faltar concertos de sala: os dos dEUS, Metric e Feist, três picos ao vivo num recinto fechado, dificilmente teriam tido tanto impacto noutro contexto.

10 FILMES

Dias em Chamas.jpg

"A Acusação", Yvan Attal
"A Água", Elena López Riera
"As Oito Montanhas", Felix Van Groeningen e Charlotte Vandermeersch
"Babylon", Damien Chazelle
"Dias em Chamas", Emin Alper
"Homem-Aranha: Através do Aranhaverso", Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson
"Jeanne du Barry - A Favorita do Rei", Maïwenn
"Nostalgia", Mario Martone
"Os Passageiros da Noite", Mikhaël Hers
"Retratos Fantasmas", Kleber Mendonça Filho

5 menções honrosas

A Última Noite em Milão.jpg

"A Última Noite em Milão", Andrea Di Stefano
"As Bestas", Rodrigo Sorogoyen
"Céu em Chamas", Christian Petzold
"Debaixo das Figueiras", Erige Sehiri
"Holy Spider", Ali Abbasi

Barrete do ano: "Oppenheimer", Christopher Nolan

3 FILMES PORTUGUESES

Ice Merchants.jpg

"Ice Merchants", João Gonzalez
"Os Demónios do Meu Avô", Nuno Beato
"Vadio", Simão Cayatte

10 SÉRIES

Top Boy.jpg

"A Lição" (minissérie), RTP2/RTP Play
"A Maravilhosa Sra. Maisel" (T5), Prime Video
"A Noite em que Logan Despertou" (T1), Filmin
"Das Boot: O Submarino" (T3), AMC
"Fauda" (T4), Netflix
"Fleishman em Apuros" (T1), Disney+
"Mentiras Passageiras" (T1), SkyShowtime
"Reservation Dogs" (T2/T3), Disney+
"Somebody Somewhere" (T2), HBO Max
"Top Boy" (T3), Netflix

3 menções honrosas

The Legend of Vox Machina.jpg

"A Lenda de Vox Machina" (T2), Prime Video
"Estreantes" (T1), Netflix
"Um Homicídio no Fim do Mundo" (minissérie), Disney+

10 DISCOS

Art School Girlfriend.jpg

"Bobbie", Pip Blom
"Chrysalis", Zanias
"Glimpse of Heaven", Chasms
"How to Replace It", dEUS
"Internal Working Model", Liela Moss
"Love Lines", Nuovo Testamento
"Mid Air", Romy
"Pre-Code Hollywood", Jonathan Bree
"Radical Romantics", Fever Ray
"Soft Landing", Art School Girlfriend

10 DISCOS NACIONAIS

Hadessa.jpg

"!!", Cláudia Pascoal
"Expresso Transatlântico", Expresso Transatlântico
"FORTUNA", HADESSA
"Latent Content", Strond
"Metamito", Metamito
"Se Dançar É Só Depois", Ana Lua Caiano
"Sensoreal", Rita Vian
"Tracy Vandal Plays Victor Torpedo", Victor Torpedo & Tracy Vandal
"Tristana", Stereossauro
"ZEITGEIST", The Legendary Tigerman

20 CANÇÕES

The Chemical Brothers.jpg

"As feras, essas queridas", Letrux
"Closing", Zanias
"Collect", TORRES
"Come and Find Me", Liela Moss
"Days of Oblivion", Metric
"Dolgoch Dry As Ash", Clark
"Drift", Glasser
"Fake Happy", Hannah Georgas
"Glimpse of Heaven", Chasms
"Hanté de moi", Fragrance.
"Heat", Nuovo Testamento
"Heaven Hanging Low", Art School Girlfriend
"How to Replace It", dEUS
"I Can Be Your Man", Pip Blom
"Live Again", The Chemical Brothers feat. Halo Maud
"Love Is", Megabod
"My Darling True", Nicole Dollanganger
"Retributions Of An Awful Life", Heartworms
"Times Square", Jam City feat. Aidan
"What a Man", Debby Friday

Não chegam? É seguir por aqui:

15 CANÇÕES NACIONAIS

Expresso-Transatlântico.jpeg

"Artificial", Filipe Keil
"Bandeiras", Bandua
"Gin", Entre Aspas
"Library Loudness", Strond
"Liquid Luck", Micro Audio Waves
"Lugar II", Cláudia Pascoal
"Nome de Mulher", Stereossauro
"Político Antropófago", Cara de Espelho
"Porque Nada tem um Fim", Expresso Transatlântico
"Se Dançar É Só Depois", Ana Lua Caiano
"Temos Tempo", Rita Vian
"Temperança", HADESSA
"The rabbit hole", Birds Are Indie
"Tour de Force", Moullinex
"Viver", SAL

Outras escolhas da prata da casa aqui:

10 CONCERTOS

METRIC.jpg

Al-Qasar feat. Alsarah no Festival Músicas do Mundo, Sines
Bandua no Lux
dEUS no Coliseu de Lisboa
Expresso Transatlântico no B.Leza
Feist no Coliseu de Lisboa
Florence + The Machine no MEO Kalorama
Foals no MEO Kalorama
Letrux no Musicbox Lisboa
Metric no Live Music Hall, Colónia
The Hives no Capitólio

Não fossem os problemas de som e estaria na lista: Yeah Yeah Yeahs no MEO Kalorama

Barrete do ano: Debby Friday na Galeria Zé dos Bois (não que tenha sido mau, mas 35 minutos são pouco mais do que um showcase)

Do campo de batalha ao conflito em alto-mar

Entre a antiguidade e a Segunda Guerra Mundial, em terra ou no mar, duas das boas séries do momento revisitam batalhas históricas - uma pode ver-se em streaming, outra é das melhores propostas televisivas.

Barbarians.jpg

"BARBARIANS" (T1), Netflix: A nova série alemã da plataforma de streaming é uma das suas apostas mais populares do ano e um bom convite ao binge-watching. Com apenas seis episódios, esta versão ficcionada do que levou a uma batalha histórica - a de Teutoburgo, que opôs tribos germânicas ao Império Romano no século IX a.C. - é uma saga de aventuras escorreita e empolgante, mesmo que não invente nada para quem está familiarizado com produções na linha de "The Last Kingdom" ou "Vikings" (com a qual partilha um dos realizadores, Steve Saint Leger). Ou ainda da também recente "Romulus", outro recuo à antiguidade em modo bélico.

Mas "Barbarians" até tem um trio de protagonistas mais carismático do que os dessa série da concorrente HBO Portugal: a guerreira germânica Thusnelda, o seu companheiro Folkwin, igualmente destemido (uma das personagens fictícias da trama), e Armínio, amigo de infância destes, criado pelos romanos e a figura mais ambivalente desta história (defendida por um dos desempenhos mais fortes, a cargo do austríaco Laurence Rupp).

Falada em alemão e em latim, esta criação de Andreas Heckmann, Arne Nolting e Jan Martin Scharf tem outras singularidades no esmero da direcção artística e guarda-roupa (sobretudo das comunidades tribais) e é abrilhantada pela direcção de fotografia de Christian Stangassinger (em especial nas cenas nocturnas iluminadas pelo fogo), opções estéticas que compensam alguns lugares comuns do argumento. E o último episódio confirma que os autores e realizadores têm estofo para moldar uma grande batalha, ainda que numa escala mais modesta do que as de marcos televisivos como "A Guerra dos Tronos". Venha então a segunda temporada, já confirmada.

3/5

Das Boot T2.jpg

"DAS BOOT" (T2), Sky One/AMC (e disponível na íntegra na aplicação do MEO): Apesar do título, a segunda temporada da série alemã inspirada no filme homónimo de Wolfgang Petersen não decorre só no alto-mar, sendo ainda mais expansiva do que a primeira. Desta vez, além do oceano Atlântico e de La Rochelle, localidade francesa ocupada pelo exército nazi, a acção estende-se até Nova Iorque e alarga o olhar à segregação de afro-americanos e à popularidade crescente do jazz.

Felizmente, a equipa de argumentistas não perde o norte e consegue equilibrar novos e velhos cenários e personagens, valorizando um elenco vasto e internacional e um retrato de grande fôlego narrativo. Embora se sinta falta da presença regular de Vicky Krieps, um dos pilares da primeira temporada que tem agora uma participação reduzida, Fleur Geffrier é uma substituição à altura na pele de Margot Bostal, personagem que passa de secundária a uma das principais e é um exemplo de garra e insubmissão enquanto rosto da resistência aliada francesa durante a Segunda Guerra Mundial.

Clemens Schick, outro dos novos protagonistas, ajuda a tornar Johannes von Reinhartz um capitão longe de estereótipos de caracterização nazis, o que aliás acontece com outras figuras desta disputa: de Klaus Hoffmann (Rick Okon), a questionar a sua lealdade durante a chegada aos EUA, ou até Hagen Forster (Tom Wlaschiha), com uma devoção cada vez menos cega aos ideais (e sobretudo aos métodos) da facção alemã. Mas a humanização das forças nazis tem limites: que o diga Stefan Konarske, sempre frio e calculista no papel de Ulrich Wrangel, oficial fidelíssimo a Hitler e outra presença forte de uma segunda temporada que duplica o número de embarcações no centro da acção (a nova fase deveria chamar-se "Os Submarinos") e também oferece mais e às vezes melhor do que a anterior noutros aspectos. Só faltou deixar claro se este relato acaba aqui ou se há mais capítulos a caminho...

3,5/5