Mais conhecido como baixista dos Ride desde finais dos anos 80, STEVE QUERALT tem um percurso no qual também integrou os ID e Dubwiser, história que conta ainda com um EP em colaboração com Michel Smith - "Glitches" (2022), cruzamento de rock e spoken word.
Mas 2025 pode muito bem ser um ano de viragem para o britânico. A 13 de junho, edita "SWALLOW", o primeiro álbum em nome próprio, embora não completamente a solo. O plano inicial era um disco de instrumentais com os ambientes oníricos dos Sigur Rós ou M83 e a electrónica exploratória dos Boards of Canada entre as referências. O resultado final, no entanto, aposta no formato canção em alguns momentos, ao ter como convidadas EMMA ANDERSON (dos Lush e Sing-Sing) e Verity Susman (das Electrelane e MEMORIALS), vozes que trazem um interesse acrescido a esta estreia.
"LONELY TOWN", o primeiro single, é um dos dois temas criados com Anderson e faz esperar o melhor. Com um ritmo inspirado pelos Joy Division, banda de cabeceira de Queralt nos útimos meses, tem descendência directa do pós-punk mas também aceita contaminações do shoegaze. Densa, propulsiva e hipnótica, com todos os instrumentos a cargo do músico e abrilhantada por uma vocalista que não perdeu o encanto, é uma canção que não fica a dever nada às mais perfeitas dos Ride ou dos Lush.
Entretanto também já foi revelada "Messengers", colaboração com Susman que mantém o voto de confiança no álbum, ainda que não voe tão alto. Mas só pela primeira amostra já valeria a pena ter este lançamento em vista. Abaixo ficam duas versões: a original, mais longa, e a editada para formato single, ilustrada por um videoclip apropriadamente turvo.
Embora o álbum de estreia homónimo dos GARBAGE esteja prestes a celebrar 30 anos (foi editado em Agosto de 1995), a banda de Shirley Manson e companhia parece mais interessada em focar-se no presente e no futuro do que em celebrar o passado. "Let All That We Imagine Be the Light", o oitavo longa-duração do grupo, tem lançamento garantido já para Maio (dia 30) e é o sucessor de "No Gods No Masters" (2021), o disco mais conseguido dos norte-americanos desde o quarto, o distante "Bleed Like Me" (2005).
Descrito pela vocalista como um álbum "esperançoso" que se debruça "sobre o que significa estar vivo e enfrentar a destruição iminente", tem como primeiro single "THERE'S NO FUTURE IN OPTIMISM", canção que recupera preocupações sociais contemporâneas e influências pós-punk, duas traves mestras do disco anterior.
"A letra é uma acção contra o título", esclarece Manson nas plataformas virtuais do quarteto. "Porque se permitirmos que nosso fatalismo ou a nossa negatividade se imponham, desmoronaremos", acrescenta, mencionando que acontecimentos como a morte de George Floyd em Los Angeles (na sequência de um episódio de violência policial) levaram ao contexto global "precário, caótico e assustador" que marcou a criação da nova leva de canções.
A amostra inicial é também o tema de abertura do álbum, guiada por uma tensão de guitarras e sintetizadores algures entre os veteranos Siouxsie and the Banshees (não por acaso, homenageados pelo grupo nos últimos anos) e a promessa Heartworms (um dos nomes que mantém vivo o legado da new wave entre acessos industriais), soando sempre indiscutivelmente aos GARBAGE. O videoclip, centrado na fuga de um jovem casal queer (termo familiar na música da banda desde o tal disco de estreia), sugere que as diferenças entre a realidade e a ficção distópica já foram maiores: