Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Há sempre uma primeira vez

The Perfect Drug

 

Apesar de andarem na estrada pelo menos até ao final do ano, com uma longa digressão nos EUA, os NINE INCH NAILS fazem questão de não recorrer ao mais do mesmo na altura de decidir os alinhamentos. Não que muitos fãs reclamassem caso o fizessem, como fazem tantas bandas, instituídas ou nem por isso... Mas há surpresas que vão marcando a diferença nos seus concertos, seja ter Gary Numan como convidado surpresa para uma versão de "Metal" ou tocar o EP "Broken" (1992) do princípio ao fim.

 

A maior novidade até agora, no entanto, é bem capaz de ser a estreia ao vivo de "THE PERFECT DRUG", um dos clássicos do grupo que chegou aos palcos 21 anos depois de ter surgido na banda sonora de "Estrada Perdida" (1997), de David Lynch, e de ter resultado num dos videoclips mais populares desses tempos junto de uma imensa minoria. Ao contrário de uma fatia considerável dos seus admiradores, Trent Reznor já tinha admitido, numa entrevista à Rolling Stone, não gostar particularmente da canção, mas o motivo para a não integrar nos concertos devia-se mais às condicionantes técnicas da explosão percussiva lá para o final.

 

A julgar pelas imagens partilhadas da actuação no Red Rocks Amphitheater, no Colorado, esta semana, essas limitações parecem ter sido contornadas. Criada numa altura em que o drum n' bass e o rock industrial ganhavam terreno, "THE PERFECT DRUG" condensou algum negrume de final do milénio enquanto levou Reznor a novos territórios rítmicos (e que teriam sucessão, por exemplo, em "Starfuckers, Inc.", outro portento). Em 2018, mantém-se como um momento invulgar na história dos NIN e prova, finalmente, que a versão ao vivo não fica a dever nada à do disco - seja na explosão, na implosão ou no que está pelo meio. Uma estreia perfeita, pois:

 

 

(via Brooklyn Vegan)

 

E agora o momento Nine Inch Numan...

NIN 2018

 

Já não é de hoje que Trent Reznor aponta GARY NUMAN como uma das suas principais influências. E a admiração é recíproca, tendo em conta que o britânico também confessou ter sido inspirado pela música do norte-americano nos seus álbuns mais recentes.

 

Os universos de ambos já se tinham cruzado, aliás, de forma mais vincada em "METAL", umas das faixas do disco de remisturas "Things Falling Apart" (2000), dos NINE INCH NAILS, que revia e recontextualizava, à maneira de Reznor, a canção homónima incluída no álbum "The Pleasure Principle" (1979), de Numan. E foi esse o tema que motivou o encontro mais recente da dupla em palco - depois de já o ter revisitado ou ao clássico "Cars" em anos anteriores - numa actuação em Las Vegas há poucas semanas, antes de os Nine Inch Nails terem regressado a Portugal para um dos concertos obrigatórios do NOS Alive.

 

Num alinhamento que contou ainda com uma versão de "Digital", dos Joy Division, e de "I'm Afraid of Americans", de David Bowie (tema que também se ouviu para os lados do Passeio Marítimo de Algés), "METAL" impôs-se como momento-chave, muito por culpa do encontro e do respeito mútuo evidente na colaboração - com Reznor a ceder as atenções a Numan enquanto este interpreta uma versão da sua canção mais próxima dos modelos dos NIN. O momento foi captado, num só take, por Brook Linder, num vídeo a preto e branco a juntar o melhor de dois mundos: