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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Fantasias numa pista de dança (e fora dela)

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De "Girl With No Face", de Allie X, passando por "Everything Turns Blue", de Chelsea Wolfe, "The Collective", de Kim Gordon, ou "Letter to Yu", de Bolis Pupul, não têm faltado álbuns editados nas últimas semanas aos quais tem valido a pena ir regressando. E um dos próximos a juntar-se a esta lista pode muito bem ser "FUZZY FANTASY", dos COMA.

Quarto disco da dupla alemã revelada pela conterrânea Kompakt e mais recentemente com casa editorial na City Slang, continua a investir numa pop electrónica de sensibilidade indie, mas com algumas viragens face aos antecessores "In Technicolor" (2013), "This Side of Paradise" (2015) e "Voyage Voyage" (2019). Nas suas plataformas online, Georg Conrad e Marius Bubat avançam que o novo conjunto de canções do seu projecto vai expandir o âmbito da música de dança, desviando-se da pista "para se aproximar da vida".

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O duo de Colónia também confessa que teve uma relação intermitente com a criação do álbum nos últimos três anos, embora assegure que é o seu melhor até à data. Opinião suspeita, é certo, mas à qual os singles mais recentes dão algum fundamento: tanto "Hard to Find" como "Hideout" são apostas muito sugestivas para o disco que chega esta sexta-feira, 15 de Março, sobretudo para apreciadores de uns Hot Chip, Totally Enormous Extinct Dinosaurs ou da vertente mais sintetizada dos Django Django (a herança dos mais distantes Stone Roses ou The Beloved também parece reflectir-se nestas paragens dançáveis q.b.).

Os primeiros temas revelados já deixavam, aliás, sinais de um álbum a ter por perto, ainda que nesta altura estejam longe de ser novidade: "Start/Stop/Rewind" foi editado em 2021, "Beyond You and Me" (colaboração com Dillon, cantora brasileira radicada na Alemanha) em 2022, "The Same" em 2023. Veremos (e ouçamos) como se inserem agora num longa-duração que coloca fim a uma longa espera...

Sonhos de menina

Bat For Lashes.jpg

Passaram quase 20 anos desde que BAT FOR LASHES se estreou com um dos melhores álbuns do seu tempo, "Fur and Gold" (2006), início marcante de um percurso que não tem desiludido. Mas que também não tem tido muitas novidades esta década: "Lost Girls", o disco mais recente do projecto de Natasha Khan, saiu em 2019, e desde aí a britânica só se fez ouvir numa versão de "We've Only Just Begun", dos Carpenters, e em "Near", ao lado de Jimmy LaValle/The Album Leaf.

A longa espera entre álbuns (de cinco anos, a maior desta discografia) está finalmente prestes a terminar graças ao anúncio de "THE DREAM OF DELPHI" para 31 de Maio. Sexto longa-duração, será o primeiro a chegar depois de uma pandemia, período durante o qual foi criado em Los Angeles, e também após a cantautora, multi-instrumentista e produtora ter sido mãe pela primeira vez.

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A influência de Delphi, a filha de Khan, é evidente logo no título de um disco que se debruça sobre a experiência da maternidade e "a santidade da infância, a ferida materna compartilhada e a importância de estar conectada de uma forma universal", avança a artista nas suas plataformas online.

A nível sonoro, as únicas pistas iniciais são as do primeiro single, a faixa-título do álbum. Canção delicada e a confirmar a carga onírica, é um belo encontro de piano e cordas que acaba dominado por sintetizadores mais para o final, sem perder a serenidade. Mais próxima de discos como "The Haunted Man" (2012) e "The Bride" (2016) do que do antecessor mais imediato, ou de caminhos percorridos por Björk (da fase inteligível), não parece revelar-se inteiramente à primeira audição e deixa bons motivos para irmos voltando a ela: