Neste caso, audições repetidas não contrariam a primeira: "Cool It Down" é o álbum menos essencial dos YEAH YEAH YEAHS, mesmo que ainda seja um regresso a louvar. Só que nove (!) anos depois do sortido arriscado de "Mosquito", era legítimo esperar um pouco mais de uma banda que revelou um sentido de urgência impressionante no longa-duração de estreia, "Fever to Tell" (2003), e que continuou a manter-se entre as mais memoráveis de inícios do milénio com os muito coesos "Show Your Bones" (2006) e sobretudo "It's Blitz!" (2009).
O quinto disco dos nova-iorquinos não só foi o que demorou mais a chegar como acaba por ter o alinhamento mais curto (apenas oito temas, um deles aquém dos dois minutos de duração). E traz menos pontos altos do que qualquer dos antecessores, embora tenha alguns.
"WOLF" , o novo single (sucessor de "Spitting Off the Edge of the World" e "Burning") está entre os que mostram o trio na sua melhor forma (e na mais enérgica), num portento de pop electrónica cuja letra alude a um dos maiores clássicos dos Duran Duran (a sonoridade também deve muito aos anos 80 mais sintéticos).
O videoclip, realizado por Allie Avital, sublinha a atmosfera aguerrida, com Britt Lower (que está em alta este ano na série "Severance") a explorar o seu lado mais primitivo e selvagem - apesar de não chegar a intimidar Karen O:
É motivo para celebrar: uma das bandas vitais e mais consistentes do início do milénio está (finalmente) de volta. Nove anos (!) depois de "Mosquito" (2013), o subestimado quarto álbum, os YEAH YEAH YEAHS anunciaram o quinto, embora ainda tenhamos de esperar alguns meses para o ouvir: "Cool It Down" está prometido para 30 de Setembro e entra automaticamente para a lista de lançamentos a fixar na agenda da rentrée.
O primeiro aperitivo, no entanto, já foi revelado esta quarta-feira e mostra os nova-iorquinos muito longe da energia visceral que marcou os seus dias iniciais, dos primeiros EPs e de "Fever to Tell" (2003) - álbum de estreia que os colocou entre os pontas de lança da revitalização do rock através de heranças garage e new wave. "SPITTING OFF THE EDGE OF THE WORLD", colaboração com Perfume Genius, retoma antes a carga electrónica do terceiro álbum, "It's Blitz!" (2009), fase na qual o trio reforçou que, ao contrário de muitos dos seus contemporâneos descendentes do pós-punk, estava pouco interessado em fazer sempre o mesmo disco.
Mesmo não sendo das canções mais efusivas (e menos ainda das mais explosivas) do grupo de Karen O, Nick Zinner e Brian Chase, o novo single, produzido pelo cúmplice habitual Dave Sitek (dos TV On The Radio), desenha um crescendo com sabor a hino, a pedir braços no ar e refrão cantado em uníssono nos concertos. Quem preferir a versão efervescente da banda, talvez tenha sorte em algumas das outras faixas do quinto álbum (desta vez, são apenas oito, no alinhamento mais curto desta discografia).
Motivada pela crise climática e pelo mundo entregue às novas gerações, a canção concilia ansiedade e esperança, estado de espírito traduzido num videoclip com sugestões de distopia e ficção científica, assinado pelo colaborador de longa data Cody Critcheloe (realizador que também é músico, assumindo o pseudónimo SSION). E tal como a música, as imagens vão pedindo revisitações enquanto consolidam a boa impressão inicial deste regresso: