Um acidente que vale a pena parar para ver (e ouvir)
As melhores canções de JENNY HVAL são aquelas em que a sensibilidade pop e o gosto pelo experimentalismo se equilibram, e ao longo de seis álbuns já há uma dose generosa de pérolas com essa combinação na obra da norueguesa.
Mas esse ponto de encontro raramente é mantido durante todo o alinhamento de um disco, o que torna a música da cantautora (e escritora) demasiado virada para dentro mais vezes do que seria desejável. O próximo, no entanto, talvez possa marcar a diferença. Agendado para esta sexta-feira, "The Practice of Love" foi antecedido por dois singles apelativos, "Ashes To Ashes" e "High Alice", aos quais se juntou agora "ACCIDENT", outro bom prenúncio.
A vincar, mais uma vez, um interesse acrescido pelos sintetizadores, a canção é simultaneamente acessível e enigmática, e confirma que HVAL continua a saber desenhar um ambiente onírico sem dificuldades. O tom existencial da letra tem seguimento no videoclip, protagonizado pela mãe da realizadora, Zia Anger, e com inspiração no universo feminino, na maternidade, "na produção e na reprodução", descreve a norueguesa. "Nem toda a gente vai gostar ou entendê-lo. (...) Mas é o mais próximo que estamos da magia", acrescenta. Nada como ver e ouvir para tirar as dúvidas: