Um álbum com parto natural
MARIA USBECK nasceu no Equador e vive em Nova Iorque, mas o espaço mais determinante para o seu novo disco foi o interior norte-americano, em particular zonas rurais do estado de Connecticut. Ao longo de mais de um ano de recolhimento, a cantautora foi criando música que pode ouvir-se em "NATURALEZA", álbum que chega já daqui a poucos dias, a 25 de Abril, seis anos depois do antecessor, "Envejeciendo", e quase dez após a estreia com "Amparo" (editado em 2016 e produzido por Caroline Polachek a poucos meses do fim dos Chairlift).
Nas suas plataformas online, a equatoriana confessa ter encontrado inspiração e refúgio na floresta numa altura em que "a humanidade perdeu o elo com o mundo natural". "Consideramo-nos superiores, avançados, mas só através de uma relação simbiótica com a natureza conseguiremos escapar de um desastre inevitável", alerta.
Tentativa de restabelecer um "equilíbrio esquecido" num processo de cura, a nova colheita, com co-produção de Tyler Drosdeck e mistura de Jorge Elbrecht (cúmplice de Tamaryn ou Hatchie), é declaradamente mais terapêutica mas esta discografia já abraçava a introspecção e a serenidade desde o berço. Quase sempre etérea, propõe diálogos entre a indietronica, a sophistipop (os Blue Nile estão entre as referências) e um exotismo que dá prioridade à língua natal da artista para se expressar.
A julgar pelas primeiras amostras do que aí vem, os ares do campo foram não só inspiradores como criativamente férteis. "MANTARRAYA" e sobretudo "FLOATING" (ah, aquele saxofone...) são das canções mais cristalinas deste percurso, embora os videoclips se centrem em questões marinhas e não tanto florestais, deixando um apelo à urgência da defesa dos oceanos e dos seus ecossistemas face à poluição crescente. A causa é boa, a música também: