Um tratado de beleza
Dois anos depois da edição, continuam a chegar surpresas do "MultiVerso" de LIA PARIS. O segundo álbum da cantautora brasileira, sucessor do estimável disco homónimo, de 2015, alargou substancialmente os horizontes de uma música que reforçou a faceta electrónica, entregou-se à dream pop, aceitou contaminações do psicadelismo e apurou temperos tropicais.
O britânico Daniel Hunt, dos Ladytron, que já tinha produzido o EP "Lva Vermelha" (2016), foi um dos muitos colaboradores dessa jornada que também passou por palcos portugueses. Outro foi o brasileiro Spaniol, numa parceira da qual resultou "NOSSO TRATO", um dos pontos altos do alinhamento.
Canção inspirada por ritmos da Amazónia, desenha-se em modo insinuante, com ecos do trip-hop de perfil mais nocturno, e ganha outra intensidade quando entram em cena sintetizadores a lembrar territórios dos suecos The Knife. É um dos temas no qual o título do disco faz todo o sentido, abrindo-se a outras dimensões (visuais, pelo menos) no belíssimo e hipnótico videoclip, estreado há poucos dias no festival Cine Petra Belas Artes, em São Paulo.
Realizado por Netrola e com (grande) direcção de fotografia de David Reis, contou com a colaboração de profissionais dos EUA, França e Brasil e acompanha a artista em Los Angeles, entre cores saturadas e ambientes enigmáticos, sedutores e futuristas q.b.: