Uma dança entre o realismo britânico e os subúrbios franceses
A música dos SCRATCH MASSIVE sempre teve uma costela cinematográfica e o quarto álbum, "Garden of Love" (editado no ano passado), não veio mudar muito as coisas. Mas se no disco anterior, "Nuit de rêve" (2011), os ambientes sombrios de John Carpenter (tanto dos filmes como das bandas sonoras) estavam entre as inspirações óbvias, a colheita recente aposta num tom mais etéreo do que sinistro.
O novo single, "DANCER IN THE DARK", é um dos temas em que a ligação à sétima arte continua. O título foi repescado de um filme de Lars von Trier, o videoclip aproxima-se mais de outros nomes do cinema europeu: os de Andrea Arnold e Ken Loach, por exemplo, pontos de partida para um olhar que recorre a traços do realismo britânico para acompanhar uma adolescente surda-muda dos arredores de Paris.
Tristan Feres, o realizador, tinha convidado a dupla francesa para a banda sonora de uma média-metragem, mas a colaboração acabou por ter uma nova fase através de material que sobrou das filmagens, retrabalhado para um outro relato em forma de videoclip. O resultado volta a confirmar a pontaria do projecto de Maud Geffray e Sébastien Chenut para casamentos entre música e imagem, com uma pop electrónica enigmática a forrar episódios do tédio ou adrenalina suburbanos: