Uma dose de veneno alla italiana
Há mais de 15 anos que Sean McBride e Liz Wendelbo alimentam uma paixão comum por pop electrónica analógica soturna através dos XENO & OAKLANDER. Formada em 2004, a dupla norte-americana está prestes a chegar ao sétimo álbum e não parece querer desviar-se de canções que, na sua maioria, podiam ter nascido em inícios da década de 80.
Mas esse anacronismo não só se aceita como tem empolgado ao longo de uma discografia que se demarca das aventuras de outros adeptos de synthpop minimal ou darkwave, sem acusar grandes efeitos de desgaste ou repetição (e que tem evoluído em paralelo com o percurso a solo de McBride, no projecto Martial Canterel, que também merece muito ser ouvido).
"Vi/deo", longa-duração apontado para 22 de Outubro e sucessor de "Hypnos" (2019), vem reforçar o papel do Italo-disco na música do duo, influência que não era tão audível no primeiro single, "Infinite Sadness", embora já seja mais evidente no segundo, "POISON", sobretudo quando associado a um videoclip com saudades dos dias do VHS e que não esconde a herança do giallo. O género de terror italiano popularizado por cineastas como Dario Argento ("Suspiria") está entre os que marcaram o período de confinamento da banda, durante o qual o álbum nasceu, e junta-se a uma meditação que partiu de ideias de sinestesia, tecnologia ou idolatria e de viagens ao passado combinadas com o conforto do streaming.
A julgar por um avanço como este, cujo instrumental sincopado e irresistível não destoaria ao lado de uns Visage ou dos Depeche Mode dos primeiros tempos, parece ter sido uma fase frutífera. Que fosse assim todo o veneno...