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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Unidos protestaremos

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Um supergrupo com elementos de bandas das décadas de 80 e 90 arrisca-se a ser imediatamente associado a tentações de nostalgia. Mas não será esse o caso dos PIROSHKA, o projecto que reúne músicos que passaram pelos Lush (Miki Berenyi, vocalista e guitarrista), Moose (KJ "Moose" McKillop, guitarrista), Modern English (Mick Conroy, baixista) e Elastica (Justin Welch, baterista).

Se é verdade que "Brickbat", o disco de estreia do quarteto britânico, tem uma sonoridade com marcas de todas as bandas que os seus membros integraram, ao se centrar num indie rock com sugestões shoegaze, estas novas canções não perdem o foco do aqui e agora. E contam com um lado político assumido e vincado logo em grande parte dos títulos das faixas (de "Hated By the Powers That Be" a "Run for Your Life" ou "This Must Be Bedlam", não há grandes subtilezas temáticas).

O novo single é um dos casos mais evidentes disso mesmo. Começou por chamar-se "Protest", foi alterado para "Time's Up" antes de a expressão se tornar dominante nos últimos meses e acabou por ser rebaptizado "WHAT'S NEXT?". Como outras canções do disco, lança um apelo à solidaridade e união em tempos em tempos "de acusações, raiva e culpa", explica Miki Berenyi num comunicado. E a contribuição da ex-vocalista dos Lush é decisiva para que o apelo não resulte forçado nem ingénuo, ao conceder o equilíbrio de melancolia e sentido de urgência a que nos habituou na sua banda anterior - enquanto assina e interpreta letras que saltam da esfera pessoal, com a qual estava mais familiarizada, para a social e comunitária ("How are we going to stop them/ If there's no us? (...) "We need to protest/ We' got to find a new way to connect").

O videoclip mantém-se fiel às palavras de ordem, numa animação que se move entre o passado e o presente ao conjugar a memória de protestos que mudaram a História com uma crítica ao Brexit e ao refúgio num individualismo alimentado a telemóveis. Sem espaço para nostalgias, portanto: é de 2019 que se fala e canta.