West Side Toni
No ano em que "Turn On the Bright Lights" celebra 20 primaveras, os INTERPOL não se ficam pela comemoração do aniversário da estreia (uma das incontornáveis na revisitação do pós-punk no início do milénio) e regressam com o sétimo álbum.
Sucessor do mal amado "Marauder" (2018), "The Other Side of Make-Believe" chega a 15 de Julho, através da Matador Records, e desperta logo interesse pela dupla de produtores: Alan Moulder e Flood, o primeiro com créditos na afirmação do shoegaze (dos My Bloody Valentine aos Lush) e não só, o segundo decisivo para momentos de viragem dos U2 ou PJ Harvey, entre muitos outros, e ambos cúmplices dos Depeche Mode ou Nine Inch Nails.
"TONI", a amostra inicial, é uma escolha algo invulgar para single de apresentação, ao assentar num ritmo em crescendo que, não sendo dos mais imediatos, poderá ter mais impacto no contexto do álbum. Não por acaso, também é a faixa de abertura e isso explica a explosão que se ouve na recta final, a acender o rastilho para o alinhamento. Primeiro estranha-se, vai-se entranhando com mais audições e a combinação de piano e bateria resulta especialmente bem ao lado do registo melancólico de Paul Banks, a aproximar-se da faceta mais solene (mas não serena) dos Arcade Fire. Já os acessos de guitarra, embora menos dominantes, lembram alguns clássicos dos primeiros tempos dos nova-iorquinos.
A canção não seria das escolhas mais óbvias para um musical - e um musical também não seria especialmente expectável no universo dos INTERPOL, diga-se -, mas o videoclip mostra que pode adaptar-se a essa linguagem. Dirigido pelo artista conceptual norte-americano Van Alpert, segue dois jovens amantes em fuga e ao qual não faltam perseguidores. Ao longe, Banks observa tudo, na pele de um polícia circunspecto e enigmático. "I'd like to see them win", canta (na canção, não no videoclip). Mas o pequeno filme não dá respostas sobre o destino do casal protagonista: essas ficam guardadas para a segunda e última parte, quando chegar o próximo single de um álbum que tem aqui um arranque entusiasmante (talvez mais do que se esperaria num percurso que já ultrapassou a marca dos 20 anos).